quinta-feira, 7 de março de 2013

DENTRO DO MEU

APOSENTO







DENTRO do meu aposento eu me isolo do Mundo, e busco ao meu Deus. Pois, nele consigo pensar nos meus próprios erros e ter paz. Porque é dentro do meu quarto que me tranco e choro as muitas mágoas das quais tem corroído a minha alma. Confesso que até o meu Senhor queria deixa, por entender que as minhas muitas súplicas não estavam sendo ouvidas, mas não satisfarei o desejo daqueles que almejam a minha desgraça.


Mas se eu pedisse que tirasse de mim, esse meu espinho na carne que há tanto tempo tem me servido de fardo, estou certo que Deus se renegaria em me atender. Tenho então que suportar os pecados que dantes fora cometido pelos nossos primeiros pais. E quando a dor esmurra a minha alma, ninguém, nem mesmo aqueles que me conhecem tão bem, vem consolar-me.


Eu não posso falar mais abertamente com ninguém que vem um e me repreende; se pudesse não ser conhecido desses, dormiria sem dor e nenhuma perturbação. Olho para a Casa do meu Deus e a vejo deteriorada e nenhum dos anciãos que nela se assentam tem zelo por ela. E ainda querem que eu esteja sempre pronto a servir.


Este Mundo é cheio de Autoridades dos quais regem as Sinagogas como se elas lhes pertencessem. E que se porventura cuidasse dela assim como cuidam dos de sua própria Casa, eu mesmo ficaria quieto diante do zelo deles. Mas na verdade, não tem sido assim. Não tratam a Casa de Deus como devem e consentem com a desordem. Porque eles mesmos são desordeiros que pensam que seus louvores chegam ao Céu.


Pobres são os que pensam que indo ao Templo tornam-se mais santos; pois, foi-se o tempo em que as pessoas humildes tinham acesso a Casa de Deus, hoje só os que se acham sábios e hipócritas é quem entram por ela. Os ricos são mais dignos do que eu de entrarem na terra da qual Deus prometeu aos nossos antepassados. Os doutores da lei são muito sábios para que peçam ao Senhor por mais sabedoria. Pois Deus aconselhou-me dizendo: “E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas Sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens... ¹


Por isso que gosto do meu aposento, porque nele descanso e nele posso ouvir os conselhos de Deus. Disse um Sábio: “Se não chorarmos a vossos ouvidos, nada restará da nossa esperança”. ² Mas esta Congregação nem chora e nem tão pouco sentem necessidade de Deus. Eles mesmos que pregam o nome do Senhor são os que tem O afrontado com mentiras e zombarias; como está escrito: “As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, porquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?” ³ E se eu pudesse buscar exílio em algum lugar bem longe destes homens, bom seria para mim em conservar o meu nome. Deles queria ser esquecido e que porventura viesse eu a freqüentar a Sinagoga deles, desejaria que não fossem corteses para comigo, mas que me deixasse entrar na Casa do meu Deus sem saber que existo. Porque assim como se esquecem de Deus também desejaria de ser esquecido.


Quero ficar no meu quarto e desfrutar da paz que o Senhor me concede. Porque passei a ter medo de tudo, até do sorriso de um amigo tenho desconfiado.


Ó que desilusão! Muitas vezes pedi a Deus que a morte me tragasse para que fosse eu extirpado da memória desses anciãos. Mas o Senhor negou-se de novo a atender o meu apelo. E aqui estou eu vivo pela misericórdia do meu Deus. Pois se dissesse que eu deveria morrer, pelo sopro de Sua voz minha alma expiraria. Não mais me lembraria deste Mundo de dor e nem tão pouco queria ressurgir dos mortos. Eles possuem muitas honras, e sempre se assentam no trono de Moisés. Mas nunca se lembram que roubam as honras que só são devidas apenas a Deus.


Não mais falarei contra esses doutores da lei. Eles que cuidem do Templo que nem o Senhor honra; pois, Deus mora em Palácios não em Santuários de homens, dos quais com ousadia chamam de Casa do Senhor.


Se eu puder sair do meu aposento, irei para a Casa de minha amada até que estes reis decidam em edificar o Santuário ao nome do Senhor. Porque fui ofendido até pelos que cantavam, e estes homens me condenaram por ser negligente. Que louvor é este que depois de me condenarem é capaz de ultrapassar o teto e se sentir dignos de honras? Se eles considerassem os meus conselhos não os aborreceria; pois eu aborreço a quem aborrece ao meu Deus. Posso até pensar em não estar agradando ao Senhor com a minha maneira torpe, mas de uma coisa eu estou certo, que o nome do Senhor tem sido profanado por estes homens que sequer insistem à Congregação em edificar o Templo ao meu Deus.


Triste eu estou, e assim ficarei. Porque se a oferta deles fossem para demônios certamente prosperariam, mas se fosse para o Senhor como assim o fazem, pouco dariam valor.


Por isso que em meu aposento tenho mais paz que dentro de um Antro onde eles tem certeza que o Senhor se faz presente, mas é o primeiro a fazer-se ausente. Se pensam eles que estarei afastado do Senhor, enganam-se. Sairei pelos confins da terra onde o Senhor é honrado e onde a ordem existe. Porque há Templos que cujos membros são dedicados e são estes que Deus os abençoa. E bem-aventurados são estes quando o Senhor quando vier, achar servindo assim. LOUVEM A DEUS!!!




1) Mateus 6:5


2) Santo Agostinho: Fonte – Os Pensadores pág. 105


3) Salmos 42:3






PABLO DUARTE








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